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Metal Gear Survive – Análise

A aproximadamente 250 metros da rudimentar base onde me encontro há um servidor de dados onde posso recolher relevantes informações para o meu aparelho digital, uma máquina com a qual opero uma data de funcionalidades vitais ao sucesso da missão. A meio do percurso os indicadores de alimento e água no corpo registam a fadiga e o cansaço acumulados através das últimas incursões. O índice de vida, enfraquecido, alerta-me sob a forma de um duplo bit sonoro, ao mesmo tempo que sinto tonturas e perturbações na visão, condicionando o avanço. Enquanto prossigo, o meu estômago ronca furiosamente. Adiante, interrompo a passada rápida para regurgitar líquidos, água ingerida momentos antes e cuja toxicidade se manifesta agora da pior forma. De olhos novamente postos no horizonte, vislumbro uma espessa e permanente cortina de pó que parece separar dois mundos. Equipo uma máscara de oxigénio ligada a uma pequena botija transportada às costas, prosseguindo até ao objectivo enquanto evito os andarilhos, criaturas vagarosas e de passo arrastado, atingidas por um vírus que lhes trocou a cabeça por um punhado de cristais aguçados saídos do pescoço como estalagmites brilhantes.

Ao sol e ar puro, as condicionantes são menos opressivas mas pesam sobre a nossa falta de desembaraço. Dentro daquele espesso nevoeiro encontramos mais despojos e alguma utilidade nas coisas abandonadas, apesar do apertado patrulhamento dos andarilhos e da limitação do oxigénio (sem ele perdemos a vida em segundos. Curiosamente, os andarilhos resistem, são mortos-vivos). O novo Metal Gear é um jogo de sobrevivência no qual somos levados a construir uma base a partir da qual erigimos um centro de desenvolvimento multifuncional. A nossa personagem não é um Big Boss nem chega de pala como herói. Em lugar de se perder para sempre no oceano, atirado num caixão depois da “capitulação” da Mother Base (dá-se o colapso), é recuperado para uma nova dimensão chamada Dite, e assim começa Metal Gear Survive, após os acontecimentos de Ground Zeroes.

Um começo quase metafórico e revelador do instinto de sobrevivência que grassa por muitos elementos e produtores da equipa que criou esta nova produção no pós Hideo Kojima, durante décadas o director e criativo por detrás de grande parte dos jogos mais importantes da série. Os membros que não deixaram a Konami com Kojima, juntaram-se aos produtores contratados e começaram a sua delicada tarefa de sobrevivência, uma tentativa de reerguer Metal Gear no pós Phantom Pain.

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