Se o género de desporto motorizado em duas rodas ainda continua vivo, em boa parte isso se deve à produtora italiana Milestone. Muito apoiada pela Bandai Namco, tem sido nos últimos anos um verdadeiro berço de jogos muito dignos e aprazíveis, entre os quais se destacam franquias como Moto GP, MX GP, Ride, Ducati 90th Anniversary, Valentino Rossi: The Game, e o mundial de Superbikes. Longe vão por isso os tempos da magnificência das produções de índole arcade, desenvolvidas primordialmente por uma Sega muito experimentada e hábil, tanto na caracterização, à sua maneira, de grandes eventos desportivos como Isle of Man TT (Manx TT Super Bike), bem como no estilo único e inconfundível de Harley-Davidson & LA Riders ou o bicilindrico Hang-On.
Recentemente, juntou-se à extensa lista de bikers da Milestone este TT Isle of Man, criado pelo estúdio francês Kylotonn, o mesmo da franquia WRC, cujos efeitos amplamente positivos e encorajares se fizeram sentir na última edição. Ambos os estúdios não são propriamente dos maiores no âmbito dos jogos motorizados e de alguma forma se manifesta a exiguidade dos meios e recursos à sua disposição. No entanto, não deixam de conseguir trabalhos meritórios, superando até aquilo que se julgava possível. Paira sempre o fantasma da incerteza sobre muitas destas produções, mas enquanto estes estúdios europeus, para além da paixão evidenciada (quando estive em Itália, na Milestone, percebi que eles são mesmo apaixonados pelas duas e quatro rodas), receberem os apoios de editoras, estando estas conscientes de que há espaço para fazer mais e melhor mesmo com poucos recursos, os fãs podem estar sossegados.
TT Isle of Man é essa exacta correspondência para os fãs, a transmissão de um evento peculiar que há muito andava arredado dos videojogos e que prima por uma série de peculiaridades que fogem à estrutura comum das corridas em pista. Levar motas potentes, produzindo velocidades acima dos 300 km/h, em estradas do dia-a-dia, abertas ao público, em zonas montanhosas ou de grande densidade urbana, com o limite dos passeios e muros tão próximos, ninguém duvida do risco que correm os pilotos sempre que todos os anos testam os nervos, as motas e quebram recordes.