Vivemos um tempo em que as grandes editoras preferem a segurança do lucro ao risco da inovação e da criação de novas propriedades intelectuais. Isso está patente na produção mais acentuada de sequelas e números adjacentes ao título. Se nalguns casos encontramos regressos pontuais e menos regulares, noutras produções o hiato temporal não passa mais do que um ano. Isso não exclui a qualidade de muitos jogos que nos chegam em ritmo anual, até porque as produtoras procuram refrescar os conteúdos através de novas ideias e conceitos, proporcionando melhores e mais valiosas experiências.
Mas a propensão para o risco é menor. Basta ter em conta o desfecho da produção de Scalebound, uma nova propriedade desenvolvida por Hideki Kamiya da Platinum Games, relegada para o quadro dos jogos cancelados. Basta pensarmos no que são hoje produtoras como a Konami e Capcom, enquanto que não há muito tempo eram espelhos de criatividade. A criação do Clover Studio, formada por membros talentosos da Capcom visava a criação de novas produções, fora do âmbito das sequelas.
Desse estúdio formado por membros como Kamiya, Mikami e Inaba, sairam magníficas produções que ainda hoje brilham pela sua qualidade. Penso em Viewtiful Joe, Okami e God Hand, jogos plenos de estilo, arte e jogabilidade. Mas os chefes da Capcom não apreciaram os resultados financeiros e fecharam o estúdio, não dando azo a mais veleidades. Felizmente a Platinum Games funciona como uma espécie de último reduto desse esforço, constituída maioritariamente pelo pessoal que formou o Clover Studio.