Depois da oportunidade de passar algum tempo no Hope County de Far Cry 5 em Dezembro, fomos novamente convidados para visitar Montana e descobrir o que o culto Eden’s Gate está a preparar para todos os fãs da série.
Far Cry 5 chega num momento muito oportuno, desenvolvido pela Ubisoft Montreal e Toronto no Canadá, oferece uma perspectiva sobre diversos estereótipos associados aos Estados Unidos da América e parece ser mais actual do que nunca se olharmos para a América de Donald Trump. A Ubisoft usa a realidade para criar um mundo virtual no qual pretende demonstrar todas as qualidades que celebrizaram a série Far Cry, mas ao mesmo tempo apresentar um jogo que desfruta das melhorias que decidiu implementar nos seus mundos abertos após o controverso Wildlands. Mas há mais do que isso, há uma vontade em mostrar como as narrativas são particularmente importante nos dias de hoje.
Nesta nova viagem a Hope County, tive a oportunidade de jogar as primeiras três horas de jogo e confesso que esta amostra de Far Cry 5 foi muito mais eficaz, muito mais convincente do que a que tive em Dezembro. Conhecer os primeiros instantes de Far Cry 5 foi descobrir todo um atestado de intenção, uma espécie de declaração da Ubisoft que aprendeu com os erros, escutou os jogadores e está empenhada em mudar onde é preciso. Esta amostra de Far Cry 5 foi especialmente surpreendente e fiquei com a impressão de ter visto um dos melhores inícios que já vi num videojogo.
Altamente eficaz para promover toda a trama e que torna compreensível toda a promoção feita em torno do culto Eden’s Gate. Não falarei sobre os detalhes do que vi e de como começa Far Cry 5, é demasiado importante o impacto da novidade para quem o for jogar e fica a sugestão: evita spoilers sobre o início se estiveres a pensar comprar o jogo.
No entanto, posso dizer que a primeira hora de Far Cry 5 é toda ela uma forma da Ubisoft em demonstrar o que pretende para Far Cry 5: um jogo intenso, repleto de cenas marcantes, que chega num timing quase perfeito. Em tons altamente cinematográficos, chegas a Hope County e conheces em primeira mão o culto, de uma forma que relembra bem o tom ambicioso das narrativas na série Far Cry. Tal como os anteriores jogos, este novo conta com um vilão que promete tornar-se marcante, Joseph Seed, mais conhecido como The Father, o líder do culto Eden’s Gate que governa Hope County e decide quem é justo e quem merece viver. É ele que dita quem é forte e merece o seu papel na sociedade, mas jamais deixa esquecer que os fracos têm o seu papel, nem que seja a servir os fortes.
“Far Cry 5 estará totalmente localizado para Português do Brasil.”
A primeira hora de Far Cry 5 também é uma espécie de tutorial, concentrado numa pequena parte de Hope County, onde te serão explicadas as mecânicas e o que podes fazer. A Ubisoft já tinha testado a liberdade narrativa com Ghost Recon Wildlands, em que podias escolher a área que querias explorar e quais as missões a cumprir. Também em Assassin’s Creed: Origins a Ubisoft demonstrou implementar essa forma de pensar. Far Cry 5 aposta na mesma abordagem e as primeiras horas dão bons indícios de como tal poderá beneficiar uma série que já é bem conhecida das massas. A mensagem parece ser clara, os mundos abertos precisam de uma boa narrativa para motivar o jogador a explorar, mas também precisam de uma grande dose de liberdade e menos ícones no mapa.
Em Far Cry 5 poderás explorar Hope County com total liberdade. Podes escolher qual dos líderes do culto pretendes derrubar primeiro, para onde seguir, quem ajudar e consequentemente quais narrativas explorar. Mas antes disso terás de começar por uma pequena zona, para te habituares à vida num local dominado pelo culto de Joseph Seed. É aqui que a Ubisoft goza com si mesma e te diz que subir torres é aborrecido e incentiva-te a explorar livremente. A melhor coisa é traçares a tua própria narrativa através das tuas decisões e dos locais que escolhes visitar. Numa sequências de missões, Far Cry 5 revela-te como podes metralhar tudo o que está à tua frente, mas é melhor seres furtivo e quando adquires o arco, isso fica mais do que decidido. O arco foi a arma mais divertida a que tive acesso.
Far Cry 5 poderá de muitas formas figurar como uma experiência demasiado familiar, mais um jogo de acção em mundo aberto na era dos jogos de acção em mundo aberto, mas o distanciamento que revela sobre algumas das experiências passadas da Ubisoft é verdadeiramente saudável e isso reflecte-se no gameplay que vais conhecer. Podes abordar as missões da maneira que quiseres, tens a ajuda de companheiros IA que quebram por completo a imersão (passam “furtivos” em frente aos inimigos), diferentes armas para momentos divertidos, intensos ou furtivos, um mundo enorme para explorar com oportunidades desconhecidas, mas acima de tudo total controlo sobre a tua experiência. Acabaram-se as torres, começou a liberdade.
“As primeiras horas de Far Cry 5 mostram bem o quão importante é a narrativa num mundo aberto.”
Nesta sessão com o jogo também tivemos a oportunidade de jogar Far Cry 5 em modo cooperativo. Aqui, dois jogadores unem esforços e tornam-se em bastiões da resistência em Hope County, colaborando para derrubar o culto. É uma forma encontrada pela Ubisoft para introduzir elementos multi-jogador em Far Cry 5 e que parece encaixar bem na experiência.
Sentirás que Montana tem muito para oferecer e com companhia, as tuas missões podem tornar-se mais divertidas. No entanto, não esperes encontrar grandes diferenças ou missões feitas a pensar especificamente no multi-jogador. Tendo em conta que é um dos maiores pedidos em jogos de mundo aberto, é compreensível que a Ubisoft o tenha implementado, mas não esperas ficar surpreendido.
Far Cry 5 é mais uma amostra da nova abordagem da Ubisoft aos mundos abertos, abordagem essa que já deu frutos em Assassin’s Creed: Origins e parece pronta para despoletar numa era pós Zelda: Breath of the Wild. A total liberdade de explorar o mundo, a ausência de ícones e o incentivo à exploração prometem renovar o apelo nos mundos criados pela Ubisoft.
A forte aposta na narrativa é esperada num jogo desta série, mas Far Cry 5 parece mais oportuno do que nunca e o vilão poderá ser visto como algo estranhamente actual. Acima de tudo, parece que a Ubisoft está posicionada para injectar uma nova energia na série e já faltam poucas semanas para o descobrir. Far Cry 5 estará disponível a 27 de Março para PC, PlayStation 4 e Xbox One.
Tivemos a oportunidade de jogar Far Cry 5 num evento organizado pela Ubisoft, que pagou os custos da viagem e estadia.