Ainda que com um grau de dificuldade acima da média dos jogos da Psikyo, Dragon Blaze é uma agradável surpresa e um dos melhores da sua apreciável lista de “shmups”. Depois de Sengoku Aces, Strikers 1945, Gunbird e Tengai, em 2000 a produtora japonesa entra numa nova fase de produções, que a levará a Dragon Blaze e Zero Gunner 2. Todos os jogos mencionados foram já lançados pela Zerodiv, um repertório retro que permite aos proprietários de uma Nintendo Switch experimentar alguns dos melhores “shmups”. Ao cabo destas experiências e tempo de contacto com Dragon Blaze, para lá da especialidade deste título, destaca-se uma imagem muito forte e um modo de execução tipicamente Psykio, bastante diferente de uma Cave, produtora de “shmups” orientados para o típico “bullet hell”, nos quais a profusão de balas no ecrã é largamente superior.
Dragon Blaze é mais restrito nesse âmbito, aproximando-se mais dos clássicos “shooters”, mas nele também encontramos muitos círculos apertados de projécteis, o que torna a sobrevivência uma questão de precisão. O sistema de jogo é simples e, à boa maneira arcade, implica o comando de apenas alguns botões. Disparo automático ou manual, um outro para as bombas e, entre as regras especiais, a possibilidade de desmontar o dragão para que este actue de forma autónoma, reduzindo a pó os inimigos enquanto a nossa personagem sobrevoa o cenário em plena articulação de poderes, como um prolongamento da jogabilidade de Gunbird.
É possível adicionar um segundo jogador à contenda.
Existem quatro personagens à escolha, que não sendo em número equiparável a outras produções do mesmo estúdio, oferece essa regra de articulação com o dragão, o que equivale a uma duplicação dos pontos de disparo. A única desvantagem é que a arma da personagem é inferior à do dragão. Todavia é uma correlação de ataques bastante interessante, já que o dragão permanece numa situação de invencibilidade, enquanto a nossa personagem adquire uma posição mais frágil, menos resguardada pelo seu diminuto poder de fogo.
Os ataques de magia funcionam como um poder de fogo suplementar, disponível assim que a barra de disparo manual está preenchida. Além disto, o jogador beneficia ainda das habituais bombas, que permitem uma plena limpeza de ecrã. Embora pareça um poder de fogo acima do usual, a verdade é que há uma dificuldade maior na construção dos níveis. Esquivar com sucesso todas as vagas de balas é uma tarefa árdua, que só com persistência e alguma sorte à mistura se atinge. Comparado com outros “shmups”, Dragon Blaze está uns furos acima, no quadro do desafio.
Apesar de outros shooters se destacarem à época, a fluidez e qualidade dos visuais estão asseguradas.
No entanto, isso acaba por lhe emprestar um lugar especial, sobretudo pela arte e produção visuais, sendo claramente uma das referências. O dragão não ocupa um espaço muito grande no ecrã, mas o desenho das grandes criaturas adversárias, comandadas pelo Demon King, oferecem um quadro visual deveras impactante. As balas possuem uma cor distinta, o que facilita a tarefa de evasão, mas o destaque vai para os cenários e para os “grandes bosses”. Quando comparado com outros jogos da época, Dragon Blaze parece um pouco mais modesto. A Raizing fez uma proeza com Battle Garegga que poucos estúdios lograram atingir naquele tempo, mas Dragon Blaze não fica muito atrás. Em suma, é mais uma opção “retro” na Switch, para os amantes dos “shmups”. Um voto de confiança da Zerodiv, que nesta altura tem já mais de metade das produções Psikyo a correr na consola da Nintendo.