Call of Duty: Black Ops 4 é, por um lado, um dos maiores riscos para a série dos últimos anos, mas por outro, uma das apostas mais seguras que a Activision podia fazer.
A decisão de remover a campanha é corajosa, tirando do jogo uma parte que esteve sempre presente nos jogos da série e que podia ter gerado reações adversas, mas ao mesmo tempo, o jogo mantém-se próximo daquela que é a fórmula de Call of Duty com mais sucesso da geração, prometendo aos fãs da série uma experiência aprimorada de Black Ops 3, que ainda hoje é considerado como aquele que tem o maior equilíbrio e a maior diversão.
Para alguns pode parecer estranho, ou até mesmo de mau gosto, vender um jogo sem campanha, nomeadamente se é daquelas pessoas que acreditam que um jogo é definido pela experiência no singleplayer e pela história, mas me arrisco a dizer que a esmagadora maioria dos fãs de Call of Duty nem vão sentir falta. Há muito tempo que Call of Duty se tornou sinónimo de multijogador online, transformando a campanha num apêndice desnecessário e ignorada por uma parte considerável dos jogadores que compram anualmente a série. Portanto, em vez de perder tempo em criar uma experiência de 6 a 8 horas só para cumprir um checkbox, a Treyarch preferiu se dedicar a um tempo integral àquilo que os fãs passam centenas de horas a jogar: o multijogador online.
Na E3 2018 tivemos uma pequena amostra do que podemos esperar de Call of Duty Black Ops 4. Numa sessão multijogador com cerca de 30 minutos de duração, teve partidas dos modos Domination e Control. Seguindo a fórmula do jogo anterior, Black Ops 4 tem novamente diversas classes que pode escolher, sendo que cada uma tem duas habilidades diferente. No total existem oito classes – Ajax, Battery, Crash, Firebreak, Recon, Ruin, Seraph e Torque – e os seus papéis não são iguais. Há classes ofensivas, defensivas, táticas e de suporte que prometem trazer maior profundidade à jogabilidade e ao trabalho de equipe, principalmente em modos com objetivos.
Mas a mudança mais drástica, e que realmente vai afetar a forma como os jogadores jogam, é a necessidade de se curar. A cura automática, em que a seu personagem recuperava a vida perdida automaticamente passando algum tempo sem sofrer dano, tornou-se padrão no multijogador de Call of Duty, mas com Black Ops 4 a Treyarch quebrou a tradição, instaurando a necessidade de se curar. A mecânica requer apenas que carregue em num dos botões para injetar um soro e recuperar a vida, mas num jogo deste ritmo, uma parada de segundos para executar esta ação faz diferença, além disso, após a aplicação, precisará esperar até que a habilidade esteja disponível novamente para se curar.
Com a remoção de saltos duplos e a possibilidade de correr pelas paredes, tudo está mais preso ao solo e já não tem que se preocupar das surpresas vindas do ar, a não ser claro das scorestreaks, que envolvem mísseis, drones e outros poderosos ataques que resultam em morte instantânea.
Apesar das alterações feitas pela Treyarch, a jogabilidade e o ritmo das partidas continua com um ritmo frenético. Se você gosta de Call of Duty por ser aquele jogo de reações rápidas em que num segundo consegue derrotar um oponente, é isso o que vai encontrar em Black Ops 4.
É a fórmula que você conhece, refinada ao máximo pela experiente equipe da Treyarch.
Como em Black Ops 3, existe muito para absorver. É fácil pegar o controle e começar a jogar. Qualquer fã de jogos de tiro em primeira pessoa vai perceber imediatamente o que precisa fazer, mas as opções de personalização das armas (que são muitas) associadas à utilidade de cada classe e aos scorestreaks, tornam o multiplayer de Black Ops 4 numa experiência surpreendentemente complexa e com potencial para se manter preso durante meses a fio.
Isto é precisamente aquilo que muitos fãs de multiplayer procuram e é uma das razões pelas quais a série Call of Duty continua a ser, ano após ano, uma das que tem mais sucesso na indústria, mantendo-se fiel à sua audiência.
“Tornam o multiplayer de Black Ops 4 numa experiência surpreendentemente complexa e com potencial para te manter preso durante meses a fio”
A grande novidade deste ano será a inclusão do modo Battle Royale. Os modos Domination e Control são em mapas pequenos, desenhados para confrontos de 5 vs 5, no entanto, estamos curiosos para ver a versão Battle Royale de Call of Duty, com mapas de escala muito maior.
Call of Duty continua a ser Call of Duty. Para alguns será razão para não jogarem, para outros uma razão para se manterem fiéis a série. Black Ops 4 procura ser uma refinação da fórmula introduzida em Black Ops 3, retirando algumas mecânicas, como os saltos com boost, e introduzindo outras, como a cura manual. O Battle Royale, que ainda está por vir, promete ser a maior novidade deste ano.