Originalmente criado por Alex Ward (Criterion) no começo do milénio para o trio de consolas de então (PlayStation 2, GameCube e Xbox), Burnout absorveu muito do ADN arcade, mas singrou à custa de uma identidade própria, alimentado pela tecnologia Renderware. O jogo proporcionou corridas “point-to-point” de uma intensidade avassaladora, em estradas e vias repletas de trânsito, pelas quais circular em contra-mão se tornava num exercício de sobrevivência: até que ponto poderiam avançar sem um embate ao mesmo tempo que amealhavam pontos? Os primeiros jogos ainda são bons, mas nos anos seguintes a 2001 a Criterion expandiu-se e concretizou ainda mais ideias neste arcade racer, já sob a alçada da Electronic Arts, depois de superada a bancarrota da Acclaim. Alex Ward continuou a dirigir uma equipa que tornava a formula vibrante. Burnout tornou-se sinónimo de corridas loucas, insanas e quase sem-limites, especialmente em Takedown.
Na geração passada de consolas, mais uma vez com o seu director de sempre ao leme, a EA lançou a inevitável construção em mundo aberto. Burnout Paradise estreou-se quando as corridas online entraram em modo “fast & furious” e os jogos em mundo aberto eram uma realidade dominante. O jogo como que operou grandes mudanças no género. À distância, talvez seja difícil perceber qual o melhor Burnout de uma já longa e extensa série. Haverá quem prefira os primeiros, como quem opte pelo miolo, preservado na forma de Burnout 3: Takedown, um marco sem dúvida assinalável. Contudo, Paradise parece ser o destino mais óbvio quando se procura pela edição mais transversal e completa. Em Paradise City aportaram algumas das melhores ideias que os criadores da série projectaram, e neste remaster isso é particularmente evidente.
Paradise é sobretudo mais coerente, vibrante, moldado ao espírito da série e o mais fiel, ainda que possa conter coisas menos boas e outras tornadas mais comuns por força da passagem do tempo. Mas no quadro geral e perante os sucessivos DLC’s (Paradise) que acrescentaram mais carros do tipo “à americana”, as ágeis motas de velocidade e as “micro machines”, é impossível não desfrutar desta presente edição remasterizada de Burnout Paradise como uma lembrança e comemoração do melhor que Burnout pode oferecer.