Quando no final de 2016 a produtora polaca Madmind Studio, composta por membros que trabalharam em The Witcher 3 e The Division, anunciou a entrada no kickstarter para financiar Agony, os produtores não tinham em mente criar um jogo de terror que pudesse revolucionar o género. Em vez disso, apresentariam uma descrição gótica, horrífica e visceral do inferno, uma descida às catacumbas flamejantes envolta em peculiares mecânicas, puzzles e um sistema de combate de âmbito “stealth”. O jogo entrou numa fase de desenvolvimento acelerado e culminou num atraso de quase dois meses perante a data originalmente anunciada.
Apesar dos méritos, especialmente na dimensão artística do inferno, quando quando mergulhamos nesta realidade adornada de tons soturnos, sombras e cores avermelhadas, é perceptível um propósito em levar por diante os jogos de terror. Agony encaixa no género survival, promovendo elementos “stealth”, mas é também um jogo de terror. Resvala para o gore e gótico em moldes de uma aventura na primeira pessoa, fugindo por isso da base terrestre de Resident Evil, especialmente o último episódio da série que não só conseguiu retomar as origens da série como projectar uma nova dimensão.
De certa maneira é isso que pretendem os produtores de Agony, mais do que revolucionar, promover um novo contexto e para isso parecem ter lançado alguns pontos de partilha: a perspectiva na primeira pessoa e a existência de imensos puzzles. Mas enquanto que no jogo da Capcom, do ponto de vista técnico e jogabilidade a execução não dá grande margem para dúvidas, em Agony a implementação passou por mais dificuldades, sendo notórios alguns problemas, especialmente no quadro gráfico, com uma frame rate abaixo dos 60 fps e abundante “screen tearing”. Existem outros pontos a depurar, mas de um modo geral é um jogo com um desempenho manifestamente abaixo do esperado, face ao trailer inicial, pese embora o bom conceito e a premissa, que não só não desapareceram como até promovem a peculiaridade desta obra.