Em Agosto de 2015, a Omega Force da Koei Tecmo colaborou com a Bandai Namco, detentora dos direitos sobre a propriedade intelectual One Piece, para apresentar Pirate Warriors 3. Este foi o terceiro jogo na entusiasmante mistura entre a série Dynasty Warriors (Musou no Japão) e a aclamada propriedade de Eiichiro Oda, que há 21 anos encanta o imaginário dos fãs. Na altura do lançamento das versões originais, a terceira edição surgiu num dos momentos mais sensíveis de tudo o que dizia respeito à fórmula Musou: uma série com gameplay que pouco evoluía, brilhando apenas nas colaborações com algumas das mais entusiasmantes propriedades intelectuais Japonesas.
Se estiveres interessado, podes ler a nossa análise original, que pode ser aplicada na perfeição a esta versão DX que foi agora apresentada na Nintendo Switch. Este terceiro capítulo de One Piece Pirate Warriors está disponível em formato híbrido e é compreensível que as editoras procurem conversões de baixo orçamento para uma consola tão popular quanto a Switch. Além de testarem os gostos e interesses da audiência na Nintendo Switch, apresentam projectos de risco mínimo. No entanto, muito já se passou desde 2015 e a fórmula Musou cresceu imenso.
Depois de lançar Attack on Titan 2 em Março, a Koei Tecmo continua a sua estratégia de combinar novos lançamentos com remasters na Switch, apresentando no espaço de uma semana dois Musou remasterizados na híbrida da Nintendo, Hyrule Warriors DX acabou mesmo de chegar às prateleiras. Isto torna ainda mais sensível a presença de One Piece Pirate Warriors 3 DX pois é um jogo que na altura evidenciou o perigo em torno da fórmula e que passados três anos ainda mostra com maior força a evolução vista em jogos como Dragon Quest Heroes 2, Fire Emblem Warriors ou Samurai Warriors: Spirit of Sanada, sem falar em Dynasty Warriors 9 que te apresentou um mundo aberto.
As colaborações da Koei Tecmo há muito que se tornaram no mais fascinante que a fórmula Musou tem para dar, mas o incrível número de lançamentos torna altamente lenta a sensação de progressão entre cada novo título. Cada nova mecânica, optimização no gameplay ou melhoria na experiência é facilmente sentida pelos fãs, mas o ritmo nem sempre é satisfatório. Ainda assim, a fórmula evoluiu bastante e voltar a One Piece: Pirate Warriors 3 DX é voltar a um jogo que ainda estava restrito a muito do que de arcaico existia na série. Por isso mesmo, relembrar o que foi escrito na análise original, ainda nos dá uma imagem do que é o jogo.
“A roupagem One Piece torna-o num Musou apelativo, mas três anos depois as suas fraquezas ganham ainda mais peso.”
O que o Omega Force te pede é fácil: coloca-te em cenários inspirados em One Piece, com os protagonistas desses arcos de história, onde encontrarás vários objectivos. No entanto, ao invés de permitir que desbraves caminho e lutes à vontade, recupera com maior insistência o foco na captura de zonas, forçando-te constantemente a regressar a várias áreas uma ou até duas vezes. A dada altura podes até sentir que estás a dar voltas ao mapa só para prolongar a longevidade. Isto, juntamente com o gameplay assente no martelar de botões, apesar de existirem diversas combinações visualmente espectaculares, faz com que a experiência se torne rapidamente monótona e repetitiva. O que é uma pena mesmo.
No entanto, quanto mais jogas mais repetitivo se torna porque a estrutura é altamente similar, não conseguindo imprimir o efeito especial a certos bosses ou recriar as sensações/eventos dos arcos de história. Mecânicas como a possibilidade de estabelecer e fortalecer uma ligação com um parceiro para aumentar os combos, activar estado heróico e ainda aplicar uma versão especial em pares dos especiais de cada um, fazem com que o ritmo de jogo seja mais dinâmico e é aqui que Pirate Warriors 3 brilha. No entanto, a estrutura dos níveis precisava de mais ajustes e o facto de estarmos sistematicamente a repetir os mesmos processos em diferentes arcos de história pode tornar-se aborrecido.
Todos sabemos que Musou é uma série de nichos, mais ainda quando surge em parceria com uma propriedade intelectual específica, mas parece confuso que o estúdio não tenha ambição de ir mais além e continua a cair nos mesmos erros. A repetição e falta de emoção que a experiência pode transmitir ao jogador é combatida pela energia dos personagens, pelos loucos golpes e pelos combos, mesmo que estejam sistematicamente a repetir os mesmos pois não existem incentivos a diversificar.
Passados três anos, estas palavras ainda são válidas para a versão Nintendo Switch de One Piece: Pirate Warriors 3, que recebe o título de Deluxe Edition devido à inclusão de todos os conteúdos adicionais lançados para as versões originais. A enorme quantidade de fatos e missões adicionais é um belo extra para os fãs de Musou e One Piece, mas ainda assim insuficiente para esquecer que este é um dos Musou menos inspirados dos últimos anos. O gameplay repete demasiadas vezes os processos e até a qualidade gráfica já acusa os seus anos. Na Switch é fácil ver ausência de texturas e cenários a carregar à tua frente no modo portátil, mas a performance é consistente.
A fórmula Musou tem brilhado mais quando surge num esforço colaborativo, que enverga toda a estética da propriedade intelectual com a qual colabora e na forma engenhosa com que adapta as mecânicas específicas dessa série para o seu gameplay “um contra centenas”. One Piece: Pirate Warriors 3 DX vibra com a estética da anime de Eiichiro Oda, mas de resto é um jogo extremamente repetitivo e longe do melhor que a Omega Force já fez. Depois de Fire Emblem Warriors, Hyrule Warriors e Attack on Titan 2, talvez teria sido mais interessante ver Dragon Quest Heroes 2 e Spirit of Sanada para a Switch na Europa.