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Hearthstone: Monster Hunt – Um vício

Lançado em Março de 2014, Hearthstone da Blizzard poderá ter alcançado um dos seus melhores momentos em Abril de 2018, que podem ter moldado o presente, mas também o futuro deste jogo da Blizzard. No final do mês passado, conversamos com Mike Donais, principal game designer na equipa de Hearthstone na Blizzard, sobre o que reserva o futuro para o jogo e como surgiu Monster Hunt. Agora, depois de duas semanas a tentar caçar os monstros neste bosque assombrado, regresso para falar de todo o entusiasmo que senti ao enfrentar os desafios da Blizzard, mesmo aqueles que me fazem querer enviar o smartphone ou PC a voar. Hearthstone tem a capacidade para te fazer sentir um autêntico inútil, a questionar onde falhaste, mas Monster Hunt leva isso para um novo patamar, com uma imensa crueldade associada.

A popularidade de Hearthstone exige à equipa uma constante criatividade capaz de entusiasmar os jogadores e tendo em conta os mais recentes resultados financeiros da Activision Blizzard, a pressão continuará a aumentar. A editora revelou que “Hearthstone continua a alcançar e incentivar a sua grande audiência global através de múltiplos esforços, incluindo um novo bundle promocional, expansão e modo PvE, Monster Hunts, que teve uma forte adesão.” É fácil olhar para as palavras da editora e sentir que é muito mais do que meras formalidades do departamento de relações públicas, a chegada de The Witchwood e especialmente a chegada das Monster Hunts deram todo um novo vigor a Hearthstone que o torna muito mais apelativo a um leque mais abrangente de jogadores.

Apesar do foco no PvP, a Blizzard tem feito bons esforços para promover o PvE em Hearthstone e depois das Dungeon Runs em Kobalds em Catacombs, chegam agora as Monster Hunts, uma versão refinada desse conceito, com um conjunto de regras muito próprias. Verdade seja dita, são essas regras que o tornam numa experiência muito superior. Criado em torno da temática preparada para The Witchwood, histórias com fantasmas e monstros, Monster Hunt convida-te a entrar nesse bosque que foi amaldiçoado e agora está repleto de criaturas assustadoras. Ao invés de escolher uma das várias classes que já existiam, terás de escolher uma de quatro novas personagens, caçadores, para derrotar 7 monstros e 1 Nemesis específico de cada caçador para chegar finalmente à bruxa que criou o bosque.

Além de criar quatro caçadores com os quais jogas, a Blizzard criou um baralho específico para cada um destes quatro Heróis e estas duas bases tão simples de Monster Hunt são na verdade os alicerces a partir dos quais se torna numa das melhores facetas de Hearthstone. É um novo tipo de desafio e uma imprivisível série de variáveis que te vão levar à loucura e deixar totalmente viciado a tentar descobrir as cartas, os baralhos, quais as melhores combinações e quais as melhores estratégias para um inimigo em específico. Monster Hunt vibra com as restrições que te coloca e com as recompensas que te atribui na vitória, mas acima de tudo realça de forma altamente positiva todo o conceito de Hearthstone: uma carta mal jogada poderá ser o suficiente para iniciar o teu percurso em direcção ao abismo.

1Existem imensas histórias e monstros em The Witchwood, transformados em cartas surpreendentes.

Cada Caçador de Monster Hunt tem um historial que dita a sua habilidade e baralho, o que te obriga a testar cada um deles para descobrir qual o que melhor se encaixa na tua forma de jogar. Tess Greyman é uma Scavenger, que pode descobrir feitiços que já foram usados e colocar um deles no baralho. Darius Crowley constrói todo o seu jogo em torno dos canhões e o teu jogo terá de centrar-se no seu uso. Houndmaster Shaw usa os seus cães para perseguir monstros e as suas cartas podem transformar uma partida, apenas precisas combinar bem os monstros. Tens ainda Toki, uma cientista que mexeu com o tempo e agora consegue reiniciar uma Turn se não gostares do resultado. É a mais imprevisível destes quatro Heróis e talvez a mais divertida de usar.

Ao longo destas duas semanas, joguei com as quatro e criei uma ordem de preferência, mas fiquei surpreendido por ver que todas elas reservam surpresas e mesmo perante a ordem aleatória de adversários, existem sempre formas de se destacarem. O melhor deste Monster Hunt e da sua tentativa de glorificar o PvE em Hearthstone é que te entrega todas as ferramentas que precisas para o jogar. Não precisas gastar dinheiro neste modo e todos os jogadores partem com os mesmos baralhos, respeitam as regras da mesma forma que tu as respeitarás. Poderás até ficar com a sensação que isto é o futuro de Hearthstone, especialmente no que diz respeito ao PvE, que poderá conquistar uma atenção ainda maior nos esforços futuros da Blizzard.

As regras de Monster Hunt são simples: escolhes um de 4 Heróis específicos do modo, cada um tem o seu próprio baralho e habilidade, enfrentas inimigos de forma aleatória, ganhas um bónus em determinadas vitórias e no final de cada uma podes adicionar mais cartas ao teu baralho. Estas cartas extra ajudam-te a construir um baralho ao teu gosto, mas é preciso ter cuidado e uma má escolha poderá tornar-se fatal. Estas são as regras básicas do jogo e a forma de explicar o modo o mais resumidamente possível. O resto é jogar e tentar tomar as melhores decisões enquanto descobres cada um destes heróis e como o seu baralho te beneficia.

“Um baralho específico, recompensas ao vencer e adversários cada vez mais difíceis. Para quem é fã de PvE, isto é sublime”.

O modo Monster Hunt é altamente divertido, um autêntico vício que poderá consumir o teu tempo. Não te sentirás em desvantagem, não sentirás que existem pré-condicionantes que desde logo interferem com a tua probabilidade de ganhar. Sentirás que depende especialmente da tua habilidade de interpretar o jogo e das decisões que tomas, mas também terás de contar com uma boa dose de crueldade de Hearthstone. Estes monstros são mesmo duros de roer e frequentemente lançam cartas com efeitos injustos. Podem virar por completo o jogo numa ronda e deixar-te desiludido. A verdade é que também o podes fazer, também podes virar o rumo do jogo numa ronda. Para quem prefere modos PvE, Hearthstone promete ficar marcado por Monster Hunt e depois da imensa diversão que me deu ao longo destas suas semanas, não pretendo largá-lo tão cedo. Sinto até que, aos meus olhos, Hearthstone ganhou uma nova energia, ascendeu a um novo patamar.

Claro que ainda vou continuar a ficar embasbacado quando vejo que o próximo monstro tem +15 de vida do que eu e a sentir vontade de atirar tudo pelo ar quando destrói todas as suas cartas e rouba as minhas, deixando-me autenticamente desamparado, mas Hearthstone ganhou aquele que poderá ser o seu mais poderoso modo de jogo até à data. A Blizzard fala em grandes valores de envolvimento e interacção com o jogo após a chegada da expansão The Witchwood e provavelmente Monster Hunt tem muito a dizer sobre isso.

Dentro do seu género, Hearthstone desde sempre se destacou por envergar as filosofias que sustentam as experiências da Blizzard: acessível o suficiente para qualquer um sentir vontade de jogar, mas com uma boa profundidade para descobrires diversas camadas. Com a chegada de Monster Hunt e as suas regras, Hearthstone acabou de cumprir em pleno esse propósito: acessível e sem custos, apresenta-te um PvE sem contra-partidas e uma incrível dificuldade com a capacidade para deixar os veteranos agarrados.