Muito embora a SNK tenha abandonado a produção de hardware doméstico antes da viragem do milénio, nem a situação de falência por que passou a companhia, em 2000, a impediu de continuar a produzir jogos, muitos deles das suas mais importantes franquias. Apesar dos anos conturbados de 2000 a 2003, a transição para a SNK Playmore transformou-se num pilar de estabilidade de uma empresa que continuava a olhar para o mercado das arcadas como uma opção rentável.
É no seu mais difícil período que a SNK, já adquirida pela Azure, lança Sengoku 3 em 2001, precisamente oito anos depois da sequela do original. O jogo foi como que um “reboot” para a série. A situação de falência levou a empresa a perder muito do seu “staff”. Membros de renome abandonaram a produção nos edifícios da SNK e foram contratados por outras produtoras. Contudo, muita da “mão-de-obra” acabou por reingressar nas fileiras, reunidos em novas equipas. Coube à remodelada Noise Factory dirigir a nova produção e o resultado não foi nada uma desilusão.
O jogo apresenta bons sprites mas a produção dos cenários podia estar melhor.
Quando comparado com os dois primeiros jogos, saltam à vista as diferenças. Os fundos e cenários são diferentes, há novos lutadores e o grau de produção é de um modo geral maior, mas preserva os elementos que fazem um bom “beat’em up”. Existem, no entanto, alguns contrastes entre a produção das personagens e os cenários, um pouco vazios e dotados de pouca caracterização, enquanto que os lutadores entram em cena polvilhados de indumentárias inspiradas no Japão feudal e uma série de “sprites” convincentes.
Sengoku 3 revela-se mais forte a partir do momento que seleccionamos uma de quatro personagens. Kagetsura é o típico samurai japonês, de pala no olho e poderes especiais na ponta da sua katana. Falcon, maneja só com uma mão a sua espada, usando as “ninja arts of fire”, enquanto que Kongo, o monge japonês de grande corpulência, é um lutador religioso. Por fim, a beleza feminina de Kurenai. Adicionalmente ingressam dois lutadores nas fileiras. Inicialmente apresentados como “bosses”, Byakki e Okuni acabam por passar para o lado dos bons, os ninjas pela paz.
Vários lutadores disponíveis, com um par de adicionais para uma segunda campanha.
A jogabilidade é bastante dinâmica, oferecendo para lá dos movimentos básicos uma série de ataques e combinações especiais, disponíveis assim que preenchem as “orbs”. É o típico “beat’em up” em “sidescroll” 2D, através do qual terão que enfrentar sucessivas vagas de inimigos. É no quadro da acção que Sengoku 3 acaba por funcionar melhor e se revelar um pouco acima dos primeiros. Todavia, algumas secções podem tornar-se repetitivas, com filas e mais filas de guerreiros no vosso encalço, o que obriga a fazer uma gestão cautelosa dos poderes, especialmente quando se encontram em condições de activar os especiais.
Os níveis encontram-se escalonados pelo seu grau de dificuldade, mas não são muito longos, o que significa que terão muitas batalhas entre os avanços das secções. Teria sido benéfico encontrar áreas mais detalhas e ricas em pormenores. Pode ser um reflexo dos 364 megas do cartucho quando outros cartuchos apresentavam 600 megas. Uma vez concluída a aventura, avançam para uma segunda volta, tendo à disposição mais duas personagens. A qualquer altura poderão acrescentar um outro jogador para combater a vosso lado. No género e dentro da época, há outros “beat’em ups” tidos como referências, ainda hoje. Sengoku 3 parece ter sido uma oportunidade um pouco perdida pela Noise Factory para conseguir um dos melhores de sempre, mas não deixa de ser uma evolução bastante sustentada, ainda que isso seja mais visível na jogabilidade.