Enquanto que muitos dos recentes jogos de plataformas e puzzles em perspectiva 2D se inspiram em clássicos do tipo Metroid e Castlevania, nomeadamente Ori and The Blind Forest, já Little Nightmares, pela linearidade dos puzzles e dos segmentos de plataformas, obedece a um esquema que se aproxima mais de alguns jogos sonantes do estúdio dinamarquês Playdead, que em 2010 produziu Limbo e em 2016 nos deu Inside.
Curiosamente, o Tarsier Studios, responsável por Little Nighmtares e apoiado pela Bandai Namco, é também um estúdio escandinavo, mas situado na Suécia, e que no seu currículo serviu já de suporte ao desenvolvimento de conteúdos adicionais de Little Big Planet, tendo obtido aí alguma experiência na produção de mundos tridimensionais embora com uma perspectiva 2D.
No mesmo patamar de Limbo e Inside, Little Nightmares apresenta igualmente uma atmosfera sombria, sufocante e aterradora. Não é propriamente um jogo alicerçado nas premissas do género survival – a nossa personagem nem sequer se serve de armas – mas reproduz de forma muito madura e convincente vários segmentos nos quais o jogador luta pela sua vida, pela sobrevivência, conduzindo a pequena personagem, chamada Six, por entre espaços de grandiosa dimensão e onde o perigo parece espreitar a cada fino traço de claridade. Não sei se estas produções nórdicas, que partilham grande parte do conceito, são também a ressonância dos longos invernos e de pouca luz a que as pessoas do norte da Europa estão sujeitas, como se transpusessem nos jogos alguns dos seus receios e medos dos longos invernos que passaram quando eram crianças.